Artes ameríndias entre a Mesoamérica e o Brasil: diálogos teórico-metodológicos
Professores
Byron E. Hamann (OSU); Fernando Pesce (Doutorando em História IFCH-Unicamp)
Professores das Universidades Anfitriãs – 2° semestre 2022
Profa. Dra. Patricia Dalcanale Meneses (UNICAMP); Prof. Dr. José Afonso Medeiros Souza (UFPA)
Segundas-feiras: 14:00h – 16:00h BRT
De uma perspectiva ampla, este seminário enfoca as culturas visuais e materiais dos povos ameríndios da Mesoamérica e do Brasil, explorando vários centros conceituais e geográficos de produção artística. O objetivo deste seminário é estabelecer um diálogo, por meio da produção historiográfica, entre as artes ameríndias da Mesoamérica e do Brasil, a fim de destacar não apenas possíveis relações temáticas entre a cultura material das duas regiões, mas também uma abordagem teórico-metodológica com ênfase na interdisciplinaridade entre História da Arte, Arqueologia, História e Antropologia. Entre os tópicos a serem abordados estão questões relacionadas ao perspectivismo, à escrita, à iconografia, à agência, à vida social das coisas e à recepção das artes ameríndias.
Horas: 60
15 semanas
As atividades consistirão em uma parte expositiva, seminários e discussões sobre as leituras propostas, a serem realizadas em conjunto pelos alunos e professores.
1- Apresentação do seminário – 30%: Os alunos serão responsáveis por apresentar as leituras teóricas propostas ao longo do curso.
2- Participação nas discussões em classe. 30%
3- Ensaio final – 40%:
a. Para esse trabalho, os alunos devem escolher um objeto específico e analisá-lo usando uma ou mais perspectivas teóricas e metodológicas discutidas durante o curso. É essencial usar as propostas discutidas durante o curso.
b. Os ensaios devem incluir pelo menos uma imagem do objeto em questão. O texto deve ter entre 7 e 10 páginas, em fonte Times New Roman, tamanho 12, justificado, com espaço duplo. As páginas devem ser do tamanho A4, com margens superior e inferior de 2,5 cm e margens laterais de 3 cm. As citações devem seguir o modelo APA.
c. Serão avaliados: a problematização e a relação com os temas discutidos durante o curso, a exposição dos argumentos e a coesão do texto.
d. Os alunos poderão escolher um dos três formatos explicados abaixo:
i. Um objeto de arte ameríndia de sua escolha.
ii. Um objeto em um museu (de preferência um museu em sua cidade que você possa visitar e observar de perto o objeto escolhido).
iii. Um objeto em um espaço público (grafite, um prédio, um monumento, etc.).
Prazo final para envio: 14/12/2022
Introdução
Discussão do programa de estudos; encontro e apresentação dos alunos e professores
Perspectivismo e artes ameríndias
Viveiros de Castro, E. (2002). A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify. Cap. 7 – Perspectivismo e multinaturalismo na América indígena, pp. 347 – 399.
Brotherston, G., & Medeiros, S. (Org.). (2007). Popol Vuh. São Paulo: Iluminuras. Primeiro Canto, pp. 41-79.
Arqueologia e Perspectivismo
Cabral, M. P. (2021). Cuando un pájaro viviente es un vestigio arqueológico: Considerando la arqueología desde una perspectiva de conocimiento diferente. Em F. Rojas, B. E. Hamann, & B. Anderson (Eds.), Otros pasados: Ontologías alternativas en el estudio del pasado (pp. 23 – 55). Bogotá: Universidad de los Andes & Fondo de Cultura Económica.
Hamann, B. E. (2021). Las prácticas del perspectivismo: las Casas, Durán, y el pasado presente (o cómo escribir la etnografía de España desde las Américas). En F. Rojas, B. E. Hamann, & B. Anderson (Eds.), Otros pasados: Ontologías alternativas en el estudio del pasado (págs. 56 – 90). Bogotá: Universidad de los Andes / Fondo de Cultura Económica.
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Agência e artes ameríndias
Gell, A. (2018). Arte e agência: uma teoria antropológica. (J. P. Dias, Trad.). São Paulo: Ubu. Cap. I e II.
Velthem, L. H. (2013). Homens, Guaribas, Mandiocas e artefatos. Alguns sentidos da pintura entre os Wajana (Wayana). Em C. Severi, & E. Lagrou (Org.) Quimeras em diálogo: grafismo e figuração nas artes indígenas. Rio de Janeiro.
Vida social e biografia das coisas
Santos-Granero, F. (Ed.). (2009). The Occult Life of Things: Native Amazonian Theories of Materiality and Personhood. Tucson: The University of Arizona Press. Introduction – Amerindian Constructional Views of the World.
Gosden, C., & Marshall, Y. (1999). The Cultural Biography of Objects. World Archaeology, 31(2), 169 – 178.
Grecco Pacheco, D., & Sellen, A. T. (2019). La historia de los artefactos itinerantes de la Plataforma de las Águilas y los Jaguares de Chichén Itzá. Estudios de Cultura Maya, 53, 11-44.
Introdução à Mesoamérica
López Austin, A., & López Luján, L. (2001). El Pasado Indígena. México: El Colegio de México / Fondo de Cultura Económica. Cap. I – Mesoamérica: hombres, tiempos y espacios, pp. 58-79.
Santos, E. N. (2002). Deuses do México indígena: estudo comparativo entre narrativas espanholas e nativas. São Paulo: Palas Atenas. Cap. I – Mesoamérica: história, pensamento e escrita.
Sistemas de escrita na Mesoamérica
Santos, E. N. (2017). Os sistemas mesoamericanos de escritura. Em C. Bertazoni, E. N. Santos, & L. M. França (Org.), História e arqueologia da América indígena: tempos pré-colombianos e coloniais (pp. 73-96). Florianópolis: Editora da UFSC.
León-Portilla, M. (2012). Códices: os antigos livros do Novo Mundo. Florianópolis: Ed. da UFSC. Cap. 2 – Variedade de livros e seus distintos usos; Cap. 3 – O binômio oralidade e códices na Mesoamérica.
Iconografia e arte mesoamericana
Jansen, M. (1988). The Art of Writing in Ancient Mexico: An Ethno-Iconological Perspective. Visible Religion. Annual for Religious Iconography, 6, 86-113.
Chinchilla Mazariegos, O. (2011). Imágenes de la Mitología Maya. Guatemala: Museo Popol Vuh, Universidad Francisco Marroquín. Cap I – Mitología en barro; Cap II – El Dios joven.
Códices mesoamericanos
Boone, E. H. (2000). Stories in Red and Black: Pictorial Histories of the Aztecs and Mixtecs. Austin: University of Texas Press. Cap. 3 – Writing in Images.
Workshop de epigrafia maia
Workshop ministrado pelo Prof. Alejandro Garay Herrera – (University of Bonn).
Miçangas (Patricia Dalcanale Meneses)
Lagrou, E. (Ed.). (2016). On the bead path: a beaded world. Rio de Janeiro: Museu do Índio. Chap. 2 – A history of glass beads; Chap. 3 – The arrival of beads in the Americas; Chap. 4 – “Our long departed half”.
Arte Plumária (Prof. Dr. Byron Hamann)
Gruzinski, S. (2001). O pensamento mestiço. São Paulo: Companhia das Letras. Introduction; Chap. 5 – The ape and the Centaura; Chap. 6 – Mexican Ovid.
Buono, A. (2018). Their treasure is bird feathers: tupinambá feather art and the image of America. Figure: Studies on the Classical Tradition, 6(2), 13-29.
Hamann, B. (2020). The fig and the tlachialoni: Material cultures of the gaze in the Mediterranean-Atlantic world. In C. Mattos Avolese, & P. D. Meneses (Eds.), Non-European art: historiographical connections from Brazil (pp. 43 – 58). São Paulo: Estação Liberdade / Vasto.
Coleções de arte ameríndia
Feest, C. F. (1984). [The Arrival of Tribal Objects in the West] From North America. Em W. Rubin (Ed.), “Primitivism” in 20th Century Art: Affinity of the Tribal and the Modern (Vol. I, pp. 85-97). New York: The Museum of Modern Art.
Abreu, R. (2005). Museus etnográficos e práticas de colecionamento: antropofagia dos sentidos. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 31, 100 – 125.
Bezerra, M., & Najjar, R. (2009). ‘Semióforos da Riqueza’: um ensaio sobre o tráfico de objetos arqueológicos. Habitus, 7(1/2), 289 – 307.
Ilustração arqueológica (Prof. Dr. Byron Hamann)
Latour, B. (2015). Cognição e visualização: pensando com olhos e mãos. Terra Brasilis (Nova Série), 4.
Hamann, B. E. (2017). Bruno Latour no jardim da ilustração arqueológica. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 12, 331-357.
Meneses, P. D. (2020). Formas da Natureza: o olhar científico e artístico de Ernst Haeckel entre passado e presente. Em I. L. Schiavinatto, & P. D. Meneses (Eds.), A imagem como experimento: debates contemporâneos sobre o olhar (pp. 85-97). Vitória: Editora Milfontes.
Avaliação da disciplina
Conduzida de forma assíncrona.
Abreu, R. (2005). Museus etnográficos e práticas de colecionamento: antropofagia dos sentidos. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 31, 100 – 125.
Aguilar, N. (Org.). (2000). Mostra do redescobrimento: artes indígenas. São Paulo: Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais.
Appadurai, A. (Ed.). (2008). A vida social das coisas: a mercadoria sob uma perspectiva cultural. (A. Bacelar, Trad.) Niterói: Editora da UFF.
Avolese, C. M., & Meneses, P. D. (Org.). (2020). Arte não europeia: conexões historiográficas a partir do Brasil. São Paulo: Estação Liberdade / Vasto.
Bertazoni, C., Santos, E. N., & França, L. M. (Org.). (2017). História e arqueologia da América indígena: tempos pré-colombianos e coloniais. Florianópolis: Editora da UFSC.
Bezerra, M., & Najjar, R. (2009). ‘Semióforos da Riqueza’: um ensaio sobre o tráfico de objetos arqueológicos. Habitus, 7(1/2), 289 – 307.
Boone, E. H. (2000). Stories in Red and Black: Pictorial Histories of the Aztecs and Mixtecs. Austin: University of Texas Press.
Boone, E. H. (2007). Cycles of Time and Meaning in the Mexican Books of Fate. Austin: University of Texas Press.
Brotherston, G., & Medeiros, S. (Org.). (2007). Popol Vuh. São Paulo: Iluminuras.
Buono, A. (2018). Seu tesouro são penas de pássaro: arte plumária tupinambá e a imagem da América. Figura: Studies on the Classical tradition, 6(2), 13-29.
Cabral, M. P. (2021). Cuando un pájaro viviente es un vestigio arqueológico: considerando la arqueología desde una perspectiva de conocimiento diferente. Em F. Rojas, B. E. Hamann, & B. Anderson (Eds.), Otros pasados: Ontologías alternativas en el estudio del pasado (pp. 23 – 55). Bogotá: Universidad de los Andes / Fondo de Cultura Económica.
Carneiro da Cunha, M. (Org.). (1992). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras.
Chinchilla Mazariegos, O. (2011). Imágenes de la Mitología Maya. Guatemala: Museo Popol Vuh, Universidad Francisco Marroquín.
Chinchilla Mazariegos, O. (2017). Art and Myth of the Ancient Maya. New Haven: Yale University Press.
Díaz Álvarez, A. (2016). El maíz se sienta para platicar: Códices y formas de conocimiento nahua, más allá del mundo de los libros. México: Universidad Iberoameriana.
Fausto, C. (2000). Os índios antes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras.
Feest, C. F. (1984). [The Arrival of Tribal Objects in the West] From North America. Em W. Rubin (Ed.), “Primitivism” in 20th Century Art: Affinity of the Tribal and the Modern (Vol. I, pp. 85-97). New York: The Museum of Modern Art.
Gell, A. (2018). Arte e agência: uma teoria antropológica. (J. P. Dias, Trad.) São Paulo: Ubu.
Gosden, C., & Marshall, Y. (1999). The Cultural Biography of Objects. World Archaeology, 31(2), 169 – 178.
Grecco Pacheco, D., & Sellen, A. T. (2019). La historia de los artefactos itinerantes de la Plataforma de las Águilas y los Jaguares de Chichén Itzá. Estudios de Cultura Maya, 53, 11-44.
Grupioni, L. D. (Org.). (2000). Índios no Brasil. São Paulo: Global.
Gruzinski, S. (2001). O pensamento mestiço. São Paulo: Companhia das Letras.
Hamman, B. E. (2002). The social life of pre-sunrise things: indigenous mesoamerican archaeology. Current Anthropology, 43(3), 351-382.
Hamann, B. E. (2017). Bruno Latour no jardim da ilustração arqueológica. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 12, 331-357.
Hamann, B. E. (2021). Las prácticas del perspectivismo: las Casas, Durán, y el pasado presente (o cómo escribir la etnografía de España desde las Américas). Em F. Rojas, B. E. Hamann, & B. Anderson (Eds.), Otros pasados: Ontologías alternativas en el estudio del pasado (pp. 56 – 90). Bogotá: Universidad de los Andes / Fondo de Cultura Económica.
Houston, S. D. (2014). The life within: classic Maya and the matter of permanence. New Haven: Yale University Press.
Houston, S., & Stuart, D. (1998). The ancient Maya self: personhood and portraiture in the Classic period. RES: Anthropology and Aesthetics, 33(1), 73-101.
Ingold, T. (2015). Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. (F. Creder, Trad.) Petrópolis: Vozes.
Jansen, M. (1988). The Art of Writing in Ancient Mexico: An Ethno-Iconological Perspective. Visible Religion. Annual for Religious Iconography, 6, 86-113.
Joyce, R., & Gillespie, S. D. (Eds.). (2015). Things in Motion: Objects Itineraries in Anthropological Practice. New Mexico: School for Advanced Research Press.
Lagrou, E. (2007). A fluidez da forma: arte, alteridade e agência em uma sociedade amazônica (Kaxinawa, Acre). Rio de Janeiro: Topbooks.
Lagrou, E. (2009). Arte indígena no Brasil: agência, alteridade e relação. Belo Horizonte: C / Arte.
Lagrou, E. (Org.). (2016). No caminho da miçanga: um mundo que se faz de contas. Rio de Janeiro: Museu do Índio.
Lagrou, E., & Velthen, L. H. (2018). As artes indígenas: olhares cruzados. BIB, 87(3), 133-156.
Latour, B. (2015). Cognição e visualização: pensando com olhos e mãos. Terra Brasilis (Nova Série), 4.
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León-Portilla, M. (2012). Códices: os antigos livros do Novo Mundo. Florianópolis: Editora da UFSC.
López Austin, A., & López Luján, L. (2001). El Pasado Indígena. México: El Colegio de México / Fondo de Cultura Económica.
Martin, S., & Grube, N. (2008). Chronicle of the Maya Kings and Queens. Deciphering the dynasties of the ancient maya. (2ª ed.). New York: Thames and Hudson.
Meneses, P. D. (2020). Formas da Natureza: o olhar científico e artístico de Ernst Haeckel entre passado e presente. Em I. L. Schiavinatto, & P. D. Meneses (Org.), A imagem como experimento: debates contemporâneos sobre o olhar (pp. 85-97). Vitória: Editora Milfontes.
Meskell, L. (2013). Dirty, Pretty Things: On Archaeology and Prehistoric Materialities. Em P. N. Miller (Ed.), Cultural Histories of the Material World (pp. 92-107). Ann Arbor: University of Michigan Press.
Oudijk, M. R. (mayo – agosto de 2008). De tradiciones y métodos: investigaciones pictográficas. Desacatos, 27, 123 – 138.
Price, S. (2000). Arte primitiva em centros civilizados. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.
Restall, M. (2006). Sete mitos da conquista espanhola. (C. d. Serra, Trad.) Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Rubin, W. (Ed.). (1984). “Primitivism” in 20th Century Art: Affinity of the Tribal and the Modern. New York: The Museum of Modern Art.
Santos, E. N. (2002). Deuses do México indígena: estudo comparativo entre narrativas espanholas e nativas. São Paulo: Palas Atenas.
Santos, E. N. (2009). Tempo, espaço e passado na Mesoamérica: o calendário, a cosmografia e a cosmogonia nos códices e textos nahuas. São Paulo: Alameda.
Santos-Granero, F. (Ed.). (2009). The Occult Life of Things: Native Amazonian Theories of Materiality and Personhood. Tucson: The University of Arizona Press.
Severi, C., & Lagrou, E. (Org.). (2013). Quimeras em diálogo: grafismo e figuração nas artes indígenas. Rio de Janeiro: 7Letras.
Velthem, L. H. (2013). Homens, Guaribas, Mandiocas e artefatos. Alguns sentidos da pintura entre os Wajana (Wayana). Em C. Severi, & E. Lagrou (Eds.), Quimeras em diálogo: grafismo e figuração nas artes indígenas (pp. 139-162). Rio de Janeiro: 7Letras.
Vidal, L. (Org.). (1992). Grafismo indígena: estudos de antropologia estética. São Paulo: Edusp.
Vidal, L. (2001). As artes indígenas e seus múltiplos mundos. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 29, 10-41.
Viveiros de Castro, E. (2002). A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify.